Editorial

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RISCO DE PERDA DA IDENTIDADE
O primeiro editorial do Movimento Grêmio Torcedor vem num momento de angústia da torcida mais fanática do Brasil. O ideal seria inaugurar este segmento de nossa principal mídia com um assunto mais leve, opinando sobre realizações ou conquistas do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. Todavia, a atividade-fim da instituição, o futebol, vive uma situação que infelizmente nós já conhecemos, e conduziram o clube para um caminho contrário ao nosso histórico de glórias.

Nestes momentos, quando a angústia começa a tomar conta da torcida, a primeira cabeça pedida é a do treinador e de alguns atletas que não estejam rendendo o suficiente. Mas não pode ser apenas esta análise sobre os fatos e responsabilidades. O clube é gerenciado por uma direção que igualmente não tem dado respostas mínimas aos resultados negativos do campo de jogo. E não se trata apenas da atual temporada, mas o decréscimo vem sendo percebido ao longo dos últimos anos.

Os problemas com a ponta debaixo da tabela no Brasileiro, tristemente combinados com as desclassificações precoces de grandes competições, como Copa do Brasil e Libertadores, como ocorreu em 2024, retratam bem um cenário que precisa mudar. O clube clama por uma nova visão administrativa, onde haja comando, determinação e disciplina, desde a diretoria, até o mais humilde trabalhador do vestiário.

O Grêmio precisa de planejamento, de projetos, de ideias, de curto, médio e longo prazos. Uma instituição centenária de tal tamanho não pode improvisar, adotar decisões de afogadilho, agir somente na base da pressão, pois os resultados não serão positivos. Aliás, como todos estão assistindo.

Gustavo Quinteros foi apresentado à imprensa e à torcida, como novo técnico do Grêmio, 48 horas antes do início da pré-temporada, em 6 de janeiro de 2025. Teoricamente, o plantel já deveria estar definido na reapresentação, para o início dos trabalhos do ano, e o técnico bem antes, pois é peça indispensável na montagem do elenco. Contudo, após a contratação do treinador, ainda veio ao clube mais de uma dezena de novos atletas, cuja qualidade ainda está sendo aferida e muitas contestadas pela torcida. Claro que reforços são necessários e sempre salutares, mas em meio à competição fica mais demorado o ajuste e o entrosamento da equipe.

O resultado desta falta de planejamento, desta forma amadora de conduzir os destinos do Tricampeão da América, foi um time montado em meio ao Campeonato Gaúcho, com jogador estreando no clássico Grenal, finais da competição, com evidente falta de entrosamento até mesmo de conhecimento sobre o tamanho de uma partida com o maior rival. Desta forma, o tão buscado título inédito do octa voltou novamente para ser conquistado em 2033.

A problemática e deficitária largada deixou a temporada comprometida, pois aquilo que era convicção, passou a ser dúvida e as dúvidas, temeridades. A cada jogo disputado, confirma-se esta preocupação, não apenas com os resultados, mas com o desempenho do time. Ainda pode-se melhorar sim, justamente pelo escasso tempo que os atletas tiveram para formar um conjunto, mas o cenário concreto não aponta para isso.

Esta situação de inconstância, atropelos e improvisações, somada às duvidosas convicções táticas do novo treinador, entraram em campo nos dois primeiros jogos da Copa do Brasil - a competição mais rentável do ano. E somente foram vencidos nas penalidades máximas, com o sufoco de estar perdendo até os minutos finais. Os times em questão, com todo respeito, frequentam a série B e a série D, do Campeonato Brasileiro, e fizeram frente a um campeão do mundo.

Resumindo a temporada, o aproveitamento do Grêmio, contra times da série A, é de 29,6%, fruto de 5 derrotas, 2 empates e 2 vitórias em 9 jogos, com 14 gols sofridos e 7 feitos. Esta situação, e isto pode ser comprovado no estádio, nas redes sociais e no convívio com torcedores gremistas, tirou o foco nas possíveis vitórias. O objetivo da torcida neste momento é manter a dignidade do clube. A Arena quase vazia, contra um time do porte do Flamengo, em um domingo, 17h30min, atesta isto, muito embora outros problemas como acesso aos ingressos e a biometria facial igualmente tenham contribuído para a reduzida presença de torcedores.

Assim, é necessário manifestar opinião e posicionamento do MGT, diante dos fatos inequívocos gerados pela inapetência gerencial das coisas do Grêmio, para exigir mudanças urgentes na forma de administração do clube, para que tenha reflexos imediatos no campo de jogo. A reação imediata é condição impositiva para a recuperação do clube nas competições que está disputando, a fim de que tenhamos uma temporada minimamente eficiente, sobretudo para não gerar mais aflição e preocupação da imensa torcida, com o futuro do clube.

Precisamos que nos devolvam um mínimo de esperança no resgate da dignidade, pois, parafraseando a articulista do site do Grêmio Torcedor, Rafaela Glavam, - "não é só a temporada que está indo embora, é a identidade do clube que está se perdendo a cada rodada".